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Vozes Negras Femininas, Aqualtunes, Nzingas e Dandaras

Formado em 1999, o Coletivo de Mulheres Negras do Mato Grosso do Sul luta contra a discriminação racial, a discriminação de gênero, a violência doméstica e o genocídio da população negra. Realizam campanhas, passeatas, cursos de capacitação e seminários.

O Fundo Fale Sem Medo apoiou seu projeto “Vozes Negras Femininas, Aqualtunes, Nzingas, Dandaras e Acotirenes soltam suas vozes”, que buscou capacitar, conscientizar e mobilizar as jovens e mulheres negras contra todas as formas de violência. O coletivo promoveu oficinas nas cidades de São Luís (MA), Maceió (AL), Pelotas (RS), Londrina (PR), Florianópolis (SC), Guarapari (ES), Juiz de Fora (MG), Rio de Janeiro (RJ), Salto (SP), Aracaju (SE), Camaçari (BA) e Araraquara (SP)

“Muitas das participantes se tornaram multiplicadoras em suas comunidades e outras formaram grupos de jovens e mulheres negras e estão se reunindo mensalmente, focadas no combate a violência”, conta a coordenadora Ana Lopes.

Marta Cesária de Oliveira, 59 anos, foi uma das mais de 700 beneficiárias:  “O projeto conseguiu articular mulheres negras de todo o país. A oficina foi impactante e reuniu um público diversificado. Foi uma capacitação com foco no combate à violência, falamos de abuso sexual no lugar de trabalho, violência psicológica, etc. A dinâmica utilizada foi muito boa, havia alegria da turma, foi um encontro gostoso, suave. Discutir violência não é fácil, tem momentos de choro, mas dali a pouco estavam sorrindo. Elas têm uma metodologia participativa e sabem interagir com as pessoas, são acolhedoras. A vivência das oficinas é muito boa, e ainda melhor é poder ver como a mulher cresce do momento em que sai da violência até se mobilizar em defesa de outras mulheres e tocar outros projetos. A violência atinge todas nós, mesmo dentro das ONGs. Trabalhei com uma pessoa que levou 10 anos para sair de um ciclo de violência. É difícil, mas muitas saem e voltam a estudar, fazem faculdade”.

"Há campanhas que não atingem a população, mas esse projeto contra a violência gerou uma mobilização muito forte de mulheres negras em todo o país. Tem gente que diz que agora as mulheres estão morrendo mais, mas não, agora estamos enxergando mais nossos direitos, denunciando mais”, completa Marta.