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Jornadas contra violência doméstica no Pará

Fundado em 1980, o Cedenpa - Centro de Estudos e Defesa do Negro é uma organização paraense sem fins lucrativos que se dedica a combater o racismo, o preconceito e a discriminação que afetam sobretudo as populações negras e indígenas. 
 
Com apoio do Fundo Fale Sem Medo o Cedenpa promoveu as Jornadas contra a violência doméstica no Pará, projeto realizado nos municípios de Abaetetuba, Bragança, Cachoeira do Piriá, Concórdia do Pará, Ourém, Santa Luzia do Pará e São Miguel do Guamá. 
 
Através de oficinas sobre negritude feminina e sobre direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, com ênfase na apropriação da Lei Maria da Penha, as Jornadas fortaleceram grupos de mulheres para serem protagonistas em ações políticas locais. O projeto envolveu principalmente mulheres negras, quilombolas, representantes de conselhos municipais e lideranças sindicais da região.
 
Além disso, o projeto incluiu a realização de concursos de redação e atividades recreativas em escolas públicas dos sete municípios, promovendo discussões sobre e Lei Maria da Penha, o Estatuto da Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente com mais de 400 jovens.
 
Thaís Braga dos Santos tem 27 anos e mora no Quilombo da América, no município de Bragança. As Jornadas contra violência doméstica no Pará a permitiram superar a situação de violência em que vivia: "As atividades do Cedenpa foram ótimas porque abriram as minhas ideias sobre os direitos que nós mulheres temos. Vim para a comunidade fugida do meu ex-marido e perdi o direito sobre os meus dois filhos. A irmã dele cria meu filho mais novo, de 7 anos, como se fosse filho dela. E meu ex-marido disse que eu fosse buscar meus filhos ele me mataria. Com o projeto, tive conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, sobre como devo recorrer, como a gente deve apoiar as mulheres que sofrem. Hoje eu não tenho mais medo de denunciar, tanto que o denunciei e agora estou correndo atrás da guarda dos meus filhos”.
 
"Poder falar sobre nossas experiências faz com que fiquemos aliviadas, porque aquilo fica trancado dentro de você. Compartilhar com outras mulheres nos liberta daquele cativeiro", diz Thaís. "Espero que o Fundo Fale Sem Medo possa continuar incentivando as mulheres, apoiando projetos como esse, para dar forças a cada vez mais mulheres. E que voltem a realizar atividades em Bragança. Nós estamos aqui."
 
Saiba mais: www.cedenpa.org.br