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Comunicação, arte e cultura na superação da violência

A Cunhã Coletivo Feminista foi  fundada em 1990 no estado da  Paraíba. Tem como missão  promover a igualdade de gênero, tendo como  referências a defesa dos direitos humanos, o  feminismo, a justiça social e a democracia. A palavra cunhã significa mulher na língua Tupi. É também é  uma flor bastante comum na Paraíba, conhecida como  Clitoria ternatea, muito parecida com o órgão genital  feminino.
 
 
A organização tem atuado junto a grupos de mulheres  jovens e adultas em situação de pobreza, nos contextos urbano e rural, visando o fortalecimento do movimento de mulheres e feminista brasileiro. Desenvolve ações em consonância com organizações, redes e articulações feministas no Brasil e na região latino-americana, especialmente junto à Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB).
 
O apoio do Fundo Fale Sem Medo viabilizou o projeto "Mulheres superando a violência doméstica - comunicação, arte e cultura", que teve  o objetivo de promover , através da arte, o debate sobre as mulheres como sujeitos de transformação de suas vidas, capazes de superar o ciclo de violência doméstica e de lutar pela efetivação da Lei Maria da Penha. A Cunhã promoveu encontros com mulheres, lideranças comunitárias da capital e do interior paraibano, misturando debates com ações culturais: dança de coco, teatro, música, grafite e contação de histórias.
 
Josineide Guedes, 40 anos, da Associação de Marisqueiras de Acaú (da Colônia de Pescadores de Acaú, situada em Pitimbu-PB), conta que aprendeu muito com o projeto:
"A oficina foi ótima, falamos sobre violência contra mulher de várias formas. Nós, marisqueiras de Acaú, montamos até uma peça na hora! Foi bacana porque fizemos a peça tetral, cantamos músicas. Ao mesmo tempo aprendemos como podemos nos defender em situações de violência, como procurar ajuda. E que violência é muito mais do que agressão física: violência verbal, o ato sexual forçado pelo marido, a recusa do parceiro de usar preservativo, isso também é violência, por exemplo. Muitas mulheres se identificaram com as coisas que foram faladas, é algo que faz parte de muitas histórias de vida. Eu mesma convivi com meu pai que batia na minha mãe, e isso foi um trauma, ela nunca falou sobre isso. Geralmente é assim: quando a gente fala de violência as mulheres se fecham, têm medo de denunciar o companheiro. Mas no projeto, com  teatro, por exemplo, elas abriram mais suas mentes, ganharam coragem. As pessoas precisam de ajuda para fazer um pedido de socorro. Participar da oficina foi muito bom, nós somos muito gratas. O projeto veio em boa hora, estávamos precisando de algo assim na comunidade. Todas gostam e querem participar, marisqueiras de todas as idades: de 12 anos, como a minha menina, até 60."
 
Conheça melhor a  Cunhã: http://www.cunhanfeminista.org.br/