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Apitaço: nordestinas contra a violência

O projeto Apitaço, do Grupo de Mulheres Cidadania Feminina,  foi voltado para o fortalecimento das mulheres no enfrentamento da violência: o grupo mobilizou ações coletivas usando apitos como instrumentos de luta. O grupo distribui apitos entre mulheres como forma de alertar em caso de agressão e também para mobilizar a comunidade. Mulheres de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe participaram de oficinas e rodas de diálogo e se mobilizaram nas ruas de seus bairros.
 
A participação das mulheres nos diferentes municípios superou as expectativas das coordenadoras do projeto. “Não tínhamos certeza se as mulheres iriam para as ruas da cidade apitando, segurando cartazes e gritando palavras de ordem pelo fim da violência contra a mulher. Contrariando as expectativas, em todos os estados por que passamos as mulheres foram para as ruas e quiseram percorrer as ruas do centro das cidades”, conta a coordenadora Rejane Pereira. ”Muitas mulheres começaram a se reconhecer negras e em situação de violência”, diz.
 
Para Regina Célia Brasil, moradora do Crato, no Ceará, o projeto foi um divisor de águas para as mulheres do município. Aos 46 anos, mãe de três filhos e avó de três netos, Regina está pronta para apitar pelas ruas com toda a força: “Eu não tinha nenhum conhecimento sobre direitos das mulheres, tudo que adquiri foi depois do Apitaço. Foram experiências novas para mim e o principal foi experimentar as trocas e o apoio entre mulheres. Se uma mulher estiver sofrendo violência na minha rua, eu vou começar a apitar, as vizinhas também, e agora as mulheres sabem que não estão sozinhas. Além de transformar a minha vida pessoal e a da minha família, me permite também ajudar outras pessoas na comunidade, passar o conhecimento que eu adquiri".
 
"Aqui no Crato não tínhamos conhecimento sobre violência doméstica, muitas de nós nem nos conhecíamos, apesar de a cidade ser tão pequena. Desde que o projeto nos visitou, continuamos nos falando, estamos inclusive organizando um encontro de mulheres. É muito bom poder dizer “você não está sozinha, denuncie, estamos juntas, vamos correr atrás dos nossos direitos”. Isso muda a vida das mulheres, conheço duas senhoras que saíram de situações de violência por causa do projeto. As palestras foram muito esclarecedoras. Foi tudo muito gratificante: como mulher, como mãe, como educadora social, só tenho a agradecer", diz Regina.
 
Edicleia Santos, parceria do Grupo Cidadania Feminina no projeto, reforça que o Apitaço foi emocionante: ”Fiquei muito emocionada em ver e sentir a emoção das mulheres em estarem participando do projeto”.
 
O Grupo Cidadania Feminina foi criado em 2001 na comunidade do Córrego do Euclides, na cidade do Recife, Pernambuco. Saiba mais sobre a atuação do grupo:  http://cidadaniafeminina.org.br/
 
 


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